Nos dias 11, 12, 13 e 14 de novembro estivemos em Fortaleza-Ceará compartilhando com estudantes e profissionais da área do urbanismo e da gestão pública experiências voltadas para a construção de cidades mais democráticas e inclusivas. Dentre as atividades tivemos palestras, debates, oficinas que oportunizaram conhecer e vivenciar um série de projetos e processos que vêm sendo desenvolvidos no contexto brasileiro e que são absolutamente inspiradores. E é neste sentido que trazemos aqui um breve relato da semana linda que passamos por lá.
A primeira proposta de atividade do encontro foi uma sessão de discussão pública “A minha experiência na cidade” e aconteceu no Anfiteatro da Praia de Iracema. Neste momento os coletivos participantes se apresentaram e falaram brevemente sobre seus projetos. Muito bom ver tantos jovens trabalhando em prol de cidades mais inclusivas, democráticas e sustentáveis.
Anfiteatro da Praia de Iracema.
A palestra de abertura, aconteceu no Teatro Celina Queiroz – UNIFOR, ficou por conta do arquiteto e urbanista Prof. Dr. Caio Vassão (http://caiovassao.com.br/) que apresentou sua perspectiva sobre metadesign e colaboração no contexto urbano. Para Vassão, a colaboração significa manter as grandes decisões dentro de um campo cognitivo que é acessível à nós e à comunidade, é trazer para a micro-escala o processo decisório. Vassão também falou sobre dois tipos de urbanismo, o Urbanismo de Edificação e o Urbanismo de Ocupação, sendo esse a construção de jogos sociais produtivos que promovem interação social e geram significados compartilhados.
Também houveram dois painéis durante o evento. O primeiro teve como tema “A cidade como produto e condição dos processos sociais” e contou com a participação de Lia Parente do Instituto de Planejamento de Fortaleza; Ednéia Alcântara do Instituto Federal de Pernambuco; Adriana Gerônimo, líder comunitária da comunidade de Lagamar; e Valéria Pinheiro do Laboratório de Estudos da Habitação da Universidade Federal do Ceará. Tivemos um panorama dos processos sociais de Fortaleza e do movimento Ocupe Estelita em Recife, Pernambuco. Interessante ver como há semelhanças com o contexto portoalegrense, o que abre muitos canais de diálogo para aprendermos uns com os outros.
Primeiro painel do Teatro Celina Queiroz – UNIFOR.
No segundo painel, chamado “A colaboração como estratégia de enfrentamento de desafios urbanos” foram apresentadas as seguintes iniciativas: Vetor Brasil, Iniciativa Bloomberg para Segurança Viária em Fortaleza, projeto na Cracolândia em São Paulo e o Jogo Oasis do Instituto Elos.
Iniciativa Bloomberg para Segurança Viária no Centro Cultural Dragão do Mar, em Fortaleza.
Tivemos a oportunidade de participar da Oficina de Metodologias Colaborativas ministrada por Natasha Gabriel do Instituto Elos. Ela apresentou a metodologia do Jogo Oasis: “uma ferramenta de apoio à mobilização cidadã para a realização de sonhos coletivos. Composto por jogadores e comunidade, o jogo considera uma definição ampla de comunidade que envolve diversos atores, como moradores, ONGs, governo local, lideranças e empresas. Concebido para ser de uso livre e praticado de forma totalmente cooperativa, para que todos, juntos, realizem algo em comum, o Oasis propõe regras que permitem a vitória de todos, sem exceção.”
A metodologia é muito inspiradora e ficamos cheias de vontade de experimentar! Soubemos que em Porto Alegre ela está sendo aplicada no bairro Bom Jesus até o dia 27 de novembro de 2018.
http://institutoelos.org/jogo-oasis/
Oficina do Jogo Oasis – Instituto Elos.
Durante o encontro também aconteceu a Mostra de Urbanismo Colaborativo com a exposição de 26 projetos de 14 cidades brasileiras e 10 estados + DF. Além do Projeto Vizinhança aqui do Rio Grande do Sul, também estiveram por lá o coletivo Interventura de São Leopoldo e o vivaCIDADE – Núcleo de Estudos Criativos da Cidade do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Maria. O Interventura expôs uma intervenção urbana efêmera e o vivaCIDADE um evento de ocupação temporária, de vivência coletiva e de revitalização das relações na Praça Santo Antônio, em Cachoeira do Sul.
Poster do Coletivo Interventura.
Quanto aos projetos, diversos deles tratavam de transformações de espaços (praças, parques, estacionamentos, escadarias, etc), assim como de assessorias técnicas (especialmente para as ZEIS – Zonas Especiais de Interesse Social). Outros eram projetos de intervenções urbanas como o parklet do coletivo Interventura, de construção de mobiliário urbano e de hortas comunitárias. Também haviam alguns a respeito da cocriação de planos populares participativos. Em outra direção, vimos projetos de jogos colaborativos para construção de cenários desejáveis e para estimular a conexão das crianças com a cidade. Todas as iniciativas estão no site do Instituto COURB para quem quiser saber mais sobre elas:
http://www.courb.org/pt/projetos-selecionados-para-a-3a-mostra-de-urbanismo-colaborativo/
O projeto vencedor da Mostra foi o ImaginaC (https://imaginac.vc/), de São Paulo, uma “plataforma lúdica educativa para conectar a cidade com as crianças, colocando-as como protagonistas das soluções urbanas criativas para as cidades.”
Nossa participação no evento encerrou com uma bela vivência pelo centro de Fortaleza. Fizemos um passeio com o pessoal do Free Walk Fortaleza visitando a Praça dos Mártires, a Praça dos Leões, o Theatro José de Alencar, a antiga estação de trem, entre outros pontos históricos do centro.
Centro de Fortaleza.
Nossos guias do passeio.
Teatro inaugurado em 1910 e construído com peças de ferro fundido importadas de Galsgow, na Escócia.
Aproveitamos este relato para agradecer a acolhida e todo trabalho do pessoal do Instituto COURB e do Coletivo A-braço, organizadores do encontro, mandar um grande abraço para todos os participantes e expressar nosso desejo de seguir juntos, tecendo estas redes maravilhosas de trabalho e amizade.